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Arquitetos: OPEN Architecture
- Área: 790 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Jonathan Leijonhufvud, Runzi Zhu, Nan Ni, Right Angle
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Fabricantes: Lutron, FLOS, Hafele, IKE STAR, Ikea, Reckli, Reggiani, TARGTTI, VitrA
Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizada em um vale montanhoso a duas horas de carro do centro de Pequim, a Capela do Som é uma sala de concertos monolítica a céu aberto com vista para ruínas da Grande Muralha da China da era da Dinastia Ming. Projetada por um escritório de arquitetura de Pequim, o OPEN, para parecer uma rocha misteriosa que caiu suavemente naquele lugar, o edifício foi construído inteiramente com o uso de concreto enriquecido com agregados de rochas locais ricas em minerais. O edifício comporta um anfiteatro semiaberto, um palco ao ar livre, mirantes e uma sala de ensaio. Embora projetada para capturar, no seio da natureza, a experiência intrigante e profundamente comovente da música tocada ao vivo, os arquitetos também queriam que as pessoas relaxassem e ouvissem o som da natureza, que eles acreditam ser profundamente inspirador e revitalizante. Quando não há espetáculos, a sala de concertos é também um lugar tranquilo para contemplação e encontros comunitários com vistas deslumbrantes para o céu e a paisagem do entorno.
Os sócios fundadores da OPEN, Li Hu e Huang Wenjing, foram motivados pelo desejo de minimizar o impacto da sala de concertos no vale, criando uma estrutura que estava em diálogo com a paisagem natural impressionante ao mesmo tempo que se mostra inegavelmente feita pelo homem. A estrutura semelhante a uma rocha é composta por uma casca interna e um externa com o espaço entre elas funcionando como uma treliça. O aspecto final do edifício foi alcançado graças a uma colaboração muito produtiva de uma empresa internacional de engenharia, a Arup. Feita em fôrmas de concreto, cada fatia se projeta para fora da camada anterior para criar a forma de cone invertido. Escadas sinuosas atravessam o edifício até uma plataforma na cobertura que oferece vistas panorâmicas do vale e da Muralha da China. Nos ambientes internos, detalhes em bronze em, por exemplo, corrimãos e portas são usados para criar um contraste aconchegante com o concreto.
O briefing para o projeto foi muito livre, o que inspirou os arquitetos a pesquisar todos os aspectos de um concerto, observando como o comportamento do som poderia ser uma diretriz para a forma final do edifício; Li e Huang relatam o desejo de “ver a forma do som”. Nesse processo, eles foram atraídos pelo modo de como o som reverbera em ambientes naturais, como nas cavernas. Tendo já projetado teatros e salas de concerto, eles sabiam que os desafios aqui eram como criar um ambiente com acústica excelente sem a necessidade do uso de outros materiais para absorção do som. Trabalhando com engenheiros acústicos, a equipe do OPEN levou em conta as diversas maneiras de como as pessoas percebem o som nos concertos e como as aberturas podem funcionar tanto como elementos acústicos como proporcionar uma conexão com o ambiente externo.
Os integrantes do OPEN disseram: “Estávamos muito cientes da responsabilidade que tínhamos de contribuir com uma estrutura bem pensada, que se encaixasse com naturalidade em uma paisagem tão única como esta. Queríamos criar algo diferente e, sobretudo, algo significativo. Estamos agora em um momento em que a questão de nosso relacionamento com a natureza como seres humanos é mais relevante do que nunca. Será que podemos ser humildes o suficiente para ouvir o que a natureza está sussurrando para nós? A sinfonia da natureza é o que realmente queríamos que as pessoas experimentassem aqui.”
Há um ar de mistério intrínseco ao entorno da Capela do Som que o atrai conforme você se aproxima do prédio. Isso se estende à forma de como as pessoas irão interagir com o espaço, desde ser um local para introspecção até um local para apresentações de grande escala, a estrutura pode ser vivenciada de muitas maneiras diferentes. Huang disse: “Queríamos que a definição do espaço não fosse tão absoluta, permitindo assim possibilidades. Solitário ou comunitário, música ou som da natureza, olhando para o céu estrelado ou conectando-se com o próprio interior - está aberto à interpretação dos usuários ”.
Sem sistemas de aquecimento ou ar condicionado, a Capela do Som consome o mínimo de energia, algo que a OPEN levou muito em conta ao desenhar o edifício. As aberturas também permitem que os elementos naturais entrem, um vazio no centro da cobertura permite que a luz do dia entre na estrutura e ilumine naturalmente os espaços de apresentação. Quando chove, a água também entra por essa abertura. No entanto, inspirados pelo Panteão, o OPEN projetou um sistema de drenagem que escoa rapidamente a água da chuva.
Li e Huang passaram mais de 10 anos aprendendo e trabalhando nos Estados Unidos e, devido a essa experiência, são muito conscientes ao se afastarem do paradigma de arquiteturas “orientais” ou “ocidentais”, especialmente quando se trata de espaços culturais. O escritório OPEN entende que as diferenças percebidas de como as culturas vivenciam eventos e espaços são superestimadas e, por meio de sua arquitetura, se esforça para demonstrar que a arquitetura tem o poder de conectar as pessoas umas às outras, à natureza e ao nosso próprio passado e futuro.